terça-feira, 30 de novembro de 2010

“Humano demasiado humano”

A leveza e excentricidade de Angela Berlinde




Seu verdadeiro nome é Angela Mendes Ferreira e nasceu em 1975. É Mestre em Multimedia e Novas Tecnologias pela Escola de Belas Artes de Utrecht- Holanda e Licenciada em Direito pela Universidade do Minho em Braga, onde exerceu Advocacia e cursou Fotografia. Ângela é Docente / Directora do Curso de Artes Visuais- Fotografia da Escola Superior Artística do Porto e é Pós-graduada em Direcção Artística pela mesma instituicão. 




"Neste universo denso de viagens que cruzam imagens captadas em Portugal na Índia e no Brasil, a poética da viagem no espaço equilibra-se com o entusiasmo e o espanto da navegação quer no espaço, quer as oscilações entre o real e o virtual.
Trata-se da aglutinação de várias viagens numa só viagem: a do devaneio. É uma viagem liberta da fatalidade do tempo cíclico, apenas aberta à renovação." (Olga Machado)







Recentemente viu seu trabalho nomeado como Fotógrafa do Ano para a categoria de Emoções da BBC e foi vencedora do international contest of Photoghraphy “Water and youth ”da Argentina. Ângela Berlinde tem o seu trabalho representado nas galerias Mário Sequeira em Braga, Museu da Imagem e do Som de Fortaleza. Brasil, Museu de Arte contemporânea, Dragão do Mar - Brasil, Fotographic Museum of Amsterdam, Holanda.


Na translineação de uma realidade poética, seu estilo é composto por tons beges, cenários simples e obscuros, onde encontramos ela e sua coisa amada. Serena e fulgás, sua feminilidade nos invade. Fotógrafos se posicionam através da fotografia, com fotos de denúncias e retratos sociais, étnicos. Eles sentem o mundo e fotografam de acordo com os estímulos a que se pegam surpreendidos. Ângela Berlinde inverteu a fotografia, ela fotografa instintos, ânsias, medos e prazeres que são exalados de um ângulo tão íntimo que se confundem com o eu de cada um, se misturam com a fragilidade minha, com o desejo teu, exibi-se de dentro pra fora.

Fonte:  
http://olga-machadodasilva.blogspot.com/2010/02/biografia-de-angela-berlinde.html
http://cultura.fnac.pt/galerias/fotografos/angela-m.-ferreira

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Há...os franceses! sempre tão apaixonantes...sempre tão apaixonados

 Qual é a cor da alegria?
Qual o nome da dor?
 Crianças que já nascem marcadas. Marcadas para morrerem, para correrem, para sentirem o peso onipotente da força do talvez e do não.
 Spinoza diz que o amor é superior ao ódio por isso ele sempre o vencerá. A gente vai inventando, vai indo no batuque das raças, no pulsar do coração
  "Às vezes um charuto é só um charuto"
Ao menos uma vez alguém já reparou na beleza de uma mão? Alguém já perguntou pra si o que faz uma mão ser bela? Quiçá uma mão grande, forte ou dedos de pianista? Talvez leve e delicada?
Gosto de mãos..mãos sofridas, marcadas, caleijadas. Não precisa brotar da dor nordestina, basta falar. Na linguagem de nossos corpos o olhar pode cair pra dentro, enrijecido pela dor. A mão? Não. Ela não pode esconder do mundo o que a tocou e o que ficou.

Pierre Verger

Pierre Verger nasceu em Paris, no dia quatro de novembro de 1902. Desfrutando de boa situação financeira, ele levou uma vida convencional para as pessoas de sua classe social até a idade de 30 anos, ainda que discordasse dos valores que vigoravam nesse ambiente. O ano de 1932 foi decisivo em sua vida: aprendeu um ofício - a fotografia - e descobriu uma paixão - as viagens. Após aprender as técnicas básicas com o amigo Pierre Boucher, conseguiu a sua primeira Rolleiflex e, com o falecimento de sua mãe, veio a coragem para se tornar um viajante solitário. Ela era seu último parente vivo, a quem não queria magoar com a opção por uma vida errante e não-conformista.

De dezembro de 1932 até agosto de 1946, foram quase 14 anos consecutivos de viagens ao redor do mundo, sobrevivendo exclusivamente da fotografia. Verger negociava suas fotos com jornais, agências e centros de pesquisa. Fotografou para empresas e até trocou seus serviços por transporte. Paris tornou-se uma base, um lugar onde revia amigos - os surrealistas ligados a Prévert e os antropólogos do Museu do Trocadero - e fazia contatos para novas viagens. Trabalhou para as melhores publicações da época, mas como nunca almejou a fama, estava sempre de partida: "A sensação de que existia um vasto mundo não me saía da cabeça e o desejo de ir vê-lo me levava em direção a outros horizontes".

As coisas começaram a mudar no dia em que Verger desembarcou na Bahia. Em 1946, enquanto a Europa vivia o pós-guerra, em Salvador, tudo era tranqüilidade. Foi logo seduzido pela hospitalidade e riqueza cultural que encontrou na cidade e acabou ficando. Como fazia em todos os lugares onde esteve, preferia a companhia do povo, os lugares mais simples. Os negros monopolizavam a cidade e também a sua atenção. Além de personagens das suas fotos, tornaram-se seus amigos, cujas vidas Verger foi buscando conhecer com detalhe. Quando descobriu o candomblé, acreditou ter encontrado a fonte da vitalidade do povo baiano e se tornou um estudioso do culto aos orixás. Esse interesse pela religiosidade de origem africana lhe rendeu uma bolsa para estudar rituais na África, para onde partiu em 1948.

Foi na África que Verger viveu o seu renascimento, recebendo o nome de Fatumbi, "nascido de novo graças ao Ifá", em 1953. A intimidade com a religião, que tinha começado na Bahia, facilitou o seu contato com sacerdotes, autoridades e acabou sendo iniciado como babalaô - um adivinho através do jogo do Ifá, com acesso às tradições orais dos iorubás. Além da iniciação religiosa, Verger começou nessa mesma época um novo ofício, o de pesquisador. O Instituto Francês da África Negra (IFAN) não se contentou com os dois mil negativos apresentados como resultado da sua pesquisa fotográfica e solicitou que ele escrevesse sobre o que tinha visto. A contragosto, Verger obedeceu. Depois, acabou encantando-se com o universo da pesquisa e não parou nunca mais.

Nômade, Verger nunca deixou de ser, mesmo tendo encontrado um rumo. A história, costumes e, principalmente, a religião praticada pelos povos iorubás e seus descendentes, na África Ocidental e na Bahia, passaram a ser os temas centrais de suas pesquisas e sua obra. Ele passou a viver como um mensageiro entre esses dois lugares: transportando informações, mensagens, objetos e presentes. Como colaborador e pesquisador visitante de várias universidades, conseguiu ir transformando suas pesquisas em artigos, comunicações, livros. Em 1960, comprou a casa da Vila América. No final dos anos 70, ele parou de fotografar e fez suas últimas viagens de pesquisa à África.

Em seus últimos anos de vida, a grande preocupação de Verger passou a ser disponibilizar as suas pesquisas a um número maior de pessoas e garantir a sobrevivência do seu acervo. Na década de 80, a Editora Corrupio cuidou das primeiras publicações no Brasil. Em 1988, Verger criou a Fundação Pierre Verger (FPV), da qual era doador, mantenedor e presidente, assumindo assim a transformação da sua própria casa num centro de pesquisa. Em fevereiro de 1996, Verger faleceu, deixando à FPV a tarefa de prosseguir com o seu trabalho.

fonte: pierreverger.org